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Com o suposto avanço do Movimento Vida Além do Trabalho nos últimos meses, é perceptível o movimento de partidos da ordem do capital, principalmente o PSOL, de voltar toda a construção do movimento em torno de algumas figuras, imprimindo um caráter estritamente burocrático-legalista à luta pelo fim da escala 6x1.
É importante lembrar que desde o princípio do movimento, diversas forças de esquerda compõem as mobilizações pela pauta dentro de seus campos de atuação. Porém, quando algumas organizações mais à esquerda que o PSOL propuseram elevar a organização do movimento, Rick Azevedo, o agora eleito vereador do PSOL pela cidade do Rio, apelou para a patenteação da “marca” do movimento VAT e para aparatos jurídicos a fim de constranger a tentativa de organização proposta por outras forças.
De forma não surpreendente tendo em vista esse uso de instrumentos legalistas, o movimento VAT foi usado de plataforma para a eleição de Rick Azevedo. A partir do sequestro da pauta promovido pelo PSOL, os esforços do movimento, que a essa altura já caminhava para uma massificação, se voltaram puramente a reformas na leis trabalhistas. Assim, em outubro, a deputada federal Erika Hilton - também do PSOL - apresentou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) pautando o fim da escala 6x1.
Obviamente, a participação de organizações com maior projeção em um movimento que visa organizar as massas pode ser proveitosa. Mas, submeter um movimento composto por diversas forças à tática completamente legalista e, ainda mais, se valer de elementos da justiça burguesa para assegurar o “protagonismo” dentro desse é minar o potencial que os trabalhadores organizados têm e reduzir o movimento VAT à uma ação de negociação com os exploradores da nossa classe. Onde uma das principais armas do proletariado - uma greve geral - sequer era cogitada, para o conforto dos capitalistas.
Por isso, como comunistas, não podemos nos curvar ao imediatismo dos partidos eleitoreiros. Devemos seguir com a agitação entre as massas, buscando refinar a organização da nossa classe dentro dos setores do proletariado, indo para além dos atos de rua e se inserindo nos locais de trabalho onde o impacto econômico se faz possível. A massificação alcançada pelo movimento Vida Além do Trabalho possui força para articular outras lutas, caso se livre da cooptação promovida pela esquerda reformista.